Mais de 7 meses após crime, família reveza cuidados com filha que viu mãe ser morta em via pública no AC: 'Justiça'
26/06/2025
(Foto: Reprodução) Mãe, filha de 7 anos e irmãs de Paula Gomes, morta a facadas em via pública em outubro do ano passado, tentam se manter de pé em meio à dor e a indignação. Jairton Silveira Bezerra, ex-marido da vítima, é réu. Acre teve redução, mas números de mulheres assassinadas ainda é alto
Mais de sete meses após o assassinato de Paula Gomes da Costa, de 33 anos, morta a facadas em uma rua no bairro Alto Alegre, em Rio Branco, a família tenta lidar com a falta dela, preservar a memória e cuidar da filha de sete anos, órfã do feminicídio. O ex-marido dela, Jairton Silveira Bezerra, é o principal suspeito e vai a júri popular.
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A mãe, as irmãs e, principalmente, a filha de Paula ainda tentam entender o que houve e se adaptar à vida sem ela, lembrada por todos como uma pessoa feliz e carinhosa.
Para Meury, uma das irmãs, a principal forma é se apegar às características mais marcantes.
"O sorriso dela... O sorriso dela fica assim, para sempre", relembra.
Paula Gomes da Silva tinha 33 anos e era funcionária de uma clínica odontológica
Reprodução/Instagram
A família também se reveza nos cuidados da criança de sete anos, que testemunhou a mãe ser morta.
"Tem final de semana que eu pego ela, fico com ela, a minha tia pega e leva pra igreja, às vezes ela fica com a avó dela também por lá", complementou Patrícia Gomes, irmã de Paula.
Maria Eliana, mãe de Paula, conta viver um misto de dor e indignação. Para ela, o que mais machuca é saber que os sonhos de sua filha foram interrompidos de forma tão trágica.
"A minha filha tinha sonhos, e ele não deixou ela realizar os sonhos dela", lamentou.
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Família também se reveza nos cuidados da criança de sete anos, que testemunhou a mãe ser morta
Reprodução/Rede Amazônica Acre
O caso é mais um triste exemplo dos efeitos devastadores dos feminicídios. Isto porque, para a família, o acusado cometeu o crime por não aceitar o fim do relacionamento. Além disso, ele tinha histórico de agressões contra Paula.
Oficialmente, os números de assassinatos de mulheres devido ao seu gênero tiveram queda de 49% entre 2018 e 2023. Entretanto, já são pelo menos quatro casos em 2025, e muitas famílias à espera de uma resposta.
“Eu espero justiça, que ela [Justiça] faça o que tem que fazer. Não deixe ele [Jairton] cinco, dez anos preso pra soltar, pra ele fazer com outras pessoas não. Que faça o que tem que fazer", afirmou a mãe de Paula.
Ex-marido se tornou réu
Jairton Silveira Bezerra é suspeito de matar a ex-mulher na frente da filha e do pai dele no Acre
Arquivo pessoal
Jairton responde por homicídio simples, classificado como feminicídio, qualificado por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima na presença de descendente e em descumprimento de medida protetiva, com animus necandi (intenção de matar), em contexto de violência doméstica.
Depois da sessão prevista para o dia 12 de maio ter sido adiada, Jairton passou por audiência de instrução, que é o momento do processo em que as partes - acusação e defesa - são ouvidas pelo juiz.
Ainda não há data prevista para o julgamento. A defesa dele passou a ser feita pela Defensoria Pública, que costuma não se pronunciar sobre os casos. Em janeiro deste ano, a Justiça recebeu denúncia do Ministério Público do Acre (MP-AC) e, com isso, ele virou réu no processo.
Segundo as evidências apresentadas pela polícia e destacadas pelo MP-AC na denúncia, a condição de sexo feminino da vítima foi determinante no crime e, por isso, deve ser caracterizado como feminicídio.
Vítima tinha medida protetiva
Jairton, que era gerente em uma loja de tintas da capital acreana, fugiu após o crime. Ele foi casado com Paula por 13 anos e não aceitava o fim do relacionamento. O ex-marido também já tinha agredido a vítima em outras ocasiões, o que fez com ela tivesse conseguido uma medida protetiva contra ele.
O acusado se entregou à polícia no dia 6 de novembro na Delegacia de Flagrantes (Defla), em Rio Branco, 10 dias após o crime. Logo em seguida, foi encaminhado à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para prestar depoimento. Na mesma manhã, houve a audiência de custódia.
Vítima de feminicídio, corpo de Paula Gomes é velado e familiares pedem justiça no AC
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para denunciar casos de violência contra a mulher:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar:
Polícia Militar - 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu - 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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